Fenitoína
12/12/2012 13:29
Histórico
Foi descoberta em 1921, sendo um composto relacionado aos barbitúricos, definido apenas como depressor do córtex motor e não das áreas sensoriais do cérebro, ao contrário do Fenobarbital. Desde aquela época, outros análogos do fármaco têm sido produzidos.
Características físicas
Injetável: líquido cristalino, ou levemente amarelado. Se refrigerada pode haver formação de precipitado (cristais), que se dissolve quando em temperatura ambiente. Havendo dissolução do precipitado, está adequada para uso. Não há relatos de sorção a materiais plástcos de bolsas, seringas e equipos.
Características farmacológicas
Constitui uma droga de alta afinidade proteica plasmática, chegando de 88 a 93% de ligação à albumina. Esta característica é extremamente importante principalmente para pacientes idosos e com hipoalbuminemia, pois aumenta consideravelmente a fração livre da droga, que é a parte farmacologicamente ativa de um fármaco. Com menos proteínas para se ligarem, grande parte das moléculas de Fenitoína fica livre no plasma, atingindo níveis tóxicos e produzindo reações adversas. Para evitar níveis tóxicos, deve-se realizar contagem das proteínas plasmáticas e calcular a dose baseada na proteinemia, na tentativa de manter níveis terapêuticos. Outro fator importante é seu nível terapêutico estreito – entre 15 e 20 mcg/ml, alguns autores relatam de 7,5 a 20 mcg/ml.
Reações adversas
As reações adversas mais comuns decorrentes de toxicidade incluem: tontura, falta de coordenação muscular, refluxo gástrico, perda de peso e arranhões na pele.
Interações medicamentosas e com dieta enteral
É uma das drogas com maior potencial de interação medicamentosa, sendo incompatível com uma grande variedade de drogas das mais diferentes classes de medicamentos, inclusive com dietas enterais. Ao ser administrada via SNG/SNE concomitantemente com a dieta ou logo antes ou em seguida, ocorre redução de 70 a 80% da dose ao atingir o nível sérico. Recomenda-se interromper a dieta pelo menos 1 hora antes da administração e 1 hora depois, ou seja, se a Fenitoína está aprazada para às 12 h, devemos interromper a dieta às 11 h e retornar somente às 13 h. O ideal seria um intervalo de 2 horas, porém um atraso de 4 horas na dieta traz consequências metabólicas aos pacientes, sobretudo os críticos.
A administração parenteral exige muita atenção da enfermagem, pois trata-se de uma droga altamente irritante para o endotélio vascular, cujo pH está em torno de 12. Para evitar flebites químicas, que se apresentam em poucos dias através de relato de dor pelo paciente, hiperemia acentuada, cordão venoso palpável no trajeto da veia em uso, devemos administrar a medicação na velocidade ideal e lavar a via abundantemente. A velocidade de injeção não deve ultrapassar de 50 mg/minuto, por exemplo, a dose mais usual de fenitoína é de 100 mg (2 ml), então devemos injetá-la em 2 minutos para seguir a recomendação de 50 mg/minuto. Em seguida, temos que lavar o acesso com SF 0,9%, aproximadamente 10 ml, evitando que a droga permaneça em contato prolongado com as peredes do vaso causando a flebite.
Possui uma grande capacidade de obstruir cateteres venosos por precipitação, principalmente quando em contato com glicose, em qualquer concentração. A formação de precipitados pode ococrrer imediatamente, em 10 minutos ou em até 8 horas. Das soluções de hidratação venosa, é compatível apenas com SF 0,9% puro. Incompatível com: SG 5%, SG 10%, GH 25%, GH 50%, SGF, Ringer Lactato, aminofilina, anfotericina B, fenobarbital, tiopental, penicilina cristalina, noradrenalina, ceftazidima, ciprofloxacino, fentanil, cloreto de potássio, cefepime, diltiazem, dobutamina, lidocaína, lincomicina, meperidina (Dolantina®), metadona, procainamida, prometazina,vancomicina, dimenidrinato, fitomenadiona, clindamicina, heparina, insulina regular, nitroglicerina, pantoprazol, propofol, amicacina, gentamicina, morfina, teofilina, cefalotina, cloranfenicol, dopamina, hidrocortisona.
Boas práticas recomendadas
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Dosagem sérica de Fenitoína: em algumas instituições existe este tipo de recurso que constitui a coleta de sangue do paciente para ajuste da dose, evitando toxicidade. A coleta deve ser feita no vale, ou seja, quando a concentração sanguínea alcança um nível mais estável, cerca de 1 hora antes da administração da segunda dose. A rotina de coleta depende do protocolo de cada instituição, mas habitualmente é feita diariamente.
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Administrar preferencialmente pura pelo risco de incompatibilidade. Caso seja preferida a diluição, esta deve ser com 25 a 50 ml de SF 0,9% para cada 100 mg e administrada em equipo com filtro pela possível formação de microprecipitados.
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Flush ou lavagem de cateteres venosos (PICC, Intracath, Arrow, etc) com SF 0,9% antes e depois da administração de Fenitoína para evitar obstrução por precipitados de interações medicamentosas, inativação do efeito de medicamentos ou produção de compostos tóxicos. É uma medida simples, de baixo custo, porém vital para a manutenção de cateteres íntegros, evitando submeter desnecessariamente os pacientes a procedimentos invasivos repetitivos e dolorosos.
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A administração IM é contra indicada por ter absorção lenta e provocar reações dolorosas locais.
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Infusão contínua EV: usar imediatamente após a diluição numa concentração de até 2,5 mg/ml, trocando a solução a cada 6 horas. Exclusivamente em BI.
Referências bibliográficas:
TRISSEL, L. A. Guia de bolso para fármacos injetáveis. Porto Alegre: Artmed, 2008. 14ª ed. P. 243-45.
FAKIH, F. T. Manual de diluição e administração de medicamentos injetáveis. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Ed., 2000. P. 107.
Vídeoconferência pelo site do HIAE. LOCATELLI, Juliana. Tudo o que você queria saber sobre medicamentos utilizados na terapia intensiva. Acessada em www.einstein.br/uticompartilhada, transmitida em 21/11/11.