Drogas Vasoativas

02/01/2013 16:50

Aspectos gerais

Este grupo de medicamentos compreende agentes vasoconstritores e vasodilatadores, por isso recebem o nome de vasoativas, pois possuem ação direta ou indireta sobre a musculatura lisa dos vasos sanguíneos. Falaremos deles separadamente, iniciando pelos vasoconstritores. A potente ação dessa classe de medicamentos determina mudanças drásticas em algumas variáveis circulatórias (débito cardíaco, PA) e respiratórias (transporte e consumo de O2). O conhecimento de sua farmacologia é essencial para utilização consciente e crítica – causa importante de iatrogenias se utilizados de forma inadequada, pois produzem lesões graves quando da ocorrência de extravasamento. Os agentes vasoconstritores mais comuns são chamados de aminas vasoativas e compreendem principalmente a Noradrenalina (ou Norepinefrina), Dopamina e Dobutamina.

 

Efeito terapêutico desejado

 

žžžFinalidade principal: manter a homeostase orgânica e tissular evitando disfunção de múltiplos órgãos, melhorando estados de hipotensão severa e consequantemente, a perfusão de O2 nos tecidos, evitando isquemia que leva à falência multissistêmica - condição muito grave.

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Catecolaminas - o que vem a ser isso???

Para começar a entender a ação das aminas, precisamos saber o que são catecolaminas e o que elas fazem no nosso organismo. São substâncias básicas das quais derivam as aminas simpatomiméticas (que produzem efeitos de origem simpática - basicamente estimulantes, excitatórios, ao contrário dos efeitos de origem parassimpática, que são inibitórios). Possuímos síntese endógena de 03 catecolaminas: dopamina, noradrenalina e adrenalina, sendo a Dobutamina sintética, não produzida pelo nosso organismo.

žNoradrenalina – ampla distribuição no organismo

žžAdrenalina – formada nas glândulas supra-renais a partir da noradrenalina, sobretudo em condições de estresse intenso

 

Principais ações das catecolaminas:

  • žEstimulação da musculatura vascular;

  • žInibição da musculatura intestinal e brônquica;

  • žEstimulação da contração e frequência cardíacas;

  • žLipólise e glicogenólise;

  • žEfeitos sobre o SNC.

žOs efeitos são determinados pela interação das catecolaminas com os receptores de membrana – alfa, beta e dopa, ou seja, o efeito destas substâncias é alcançado através do contato da molécula de uma catecolamina (noradrenalina, dopamina, adrenalina) com um receptor específico no nosso organismo e estes efeitos são dose-dependentes. Como assim?! Dependendo da dosagem administrada você estará estimulando efeitos alfa-1, alfa-2, beta-1, beta-2, dopa-1 ou dopa-2. Cada um desses grupos de efeitos possui uma resposta diferente no nosso organismo. Acho que no quadro abaixo fica mais fácil de entender, lembrando que cronotropismo é uma ação na frequência cardíaca (se + gera aumento da FC, se - gera diminuição) e inotropismo é uma ação na contratilidade miocárdica (se + aumenta a força contrátil, se - diminui):

 

Receptor

Sítio dos receptores

Ação fisiológica

Alfa-1

Vasculatura periférica e miocárdio

Vasoconstrição periférica

Inotropismo positivo

Alfa-2

Vasculatura periférica e coração

Vasodilatação periférica

Inotropismo negativo

Cronotropismo positivo

Beta-1

Miocárdio

Inotropismo positivo

Cronotropismo positivo

Beta-2

Musculatura lisa das VA, miocárdio e vasculatura periférica

Broncodilatador positivo

Ino e cronotropismo positivos

Vasodilatador periférico

Dopa-1

Leito vascular renal e esplâncnico, miocárdio, vasculatura periférica

Vasodilatação renal e esplâncnica, ino e cronotropismo +, vasoconstrição periférica e natriurese

Dopa-2

Terminais nervosos pré-sinápticos

Vasodilatação

 

žIndicações clínicas

  • žEstados de hipotensão severa, por exemplo pós-hemorragia;

  • žInsuficiência cardíaca aguda ou crônica;

  • žSíndrome séptica (sepse grave, choque séptico);

  • žChoque;

  • žPCR

Cuidados de enfermagem durante a administração de aminas vasoativasž

 

  • Monitorar o paciente em monitor multiparâmetro obrigatoriamente - a monitorização hemodinâmica é necessária para observação das respostas clínicas, hemodinâmicas e metabólicas desejadas;

  • žManter monitorização hemodinâmica durante todo o período de administração - importantíssimo!!!

  • Administrar EXCLUSIVAMENTE em bombas de infusão volumétricas - exigem muita precisão e constância de fluxo para alcançarem os efeitos terapêuticos desejados. É contra-indicada a administração de aminas em Neonatologia em bombas de infusão de seringa, pois o fluxo de infusão é não-linear, ou seja, inconstante, pois o medicamento é empurrado através do êmbolo da seringa em "soquinhos";

  • Observar RIGOROSAMENTE e SISTEMATICAMENTE o acesso venoso onde se está recebendo as aminas, pesquisando sinais de extravasamento como edema, dor local, palidez acentuada que evolui rapidamente para hiperemia, equimose e lesão bolhosa com conteúdo hemorrágico;

  • Enfermeiros: Instalar PICC imediatamente após estabilização do paciente, caso não haja outras contra-indicações para o procedimento - é considerado má prática a infusão de aminas em acesso vascular periférico. Caso haja contra-indicação, comunicar médico responsável para instalação de cateter venoso central adequado à condição do paciente;

  • Comunicar ao médico responsável a ocorrência de hipo ou hipertensão arterial durante a administração, para ajuste da dose e alcance do efeito desejado, colaborando com a melhora do paciente.

Referências bibliográficas:

 

CINTRA, E. de A. Drogas vasoativas. In: CINTRA, E. de A.; NISHIDE, V. M.; NUNES, W. A. Assistência de enfermagem ao paciente gravemente enfermo. São Paulo: Atheneu, 2005a. 2.ed. Cap. 4. p. 45-57.

 


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